terça-feira, 6 de novembro de 2007

Como ganhar dinheiro na Web

Encerrada a pesquisa sobre o próximo post, o tema vencedor foi, com 2 (dois!) votos, "como ganhar dinheiro na web".

Para tentar abordar o assunto de forma diferente, podemos lembrar algumas abordagens válidas e com as quais eu concordo. Primeiro é preciso ter paixão. Não adianta querer ganhar dinheiro, pensando só no dinheiro. É preciso ter o sentimento de serviço, de satisfação com o negócio em si. Segundo, é preciso pensar num modelo de remuneração, um modelo de lucratividade. No caso dos blogs, este modelo passa pela adesão, por exemplo, a programas de afiliados.

Já abordei o assunto anteriormente, que penso que quem ganhará dinheiro é quem vende pás e picaretas na web, notícia comentada pelo blogueiro Luiz Lailo, o primeiro a inaugurar os comentários por aqui, neste início cronológico do ehValor. Apenas para registro.

A questão então tem necessariamente que ver com a demanda. Este é meu ponto, hoje. Maior demanda, maior chance de ganhar dinheiro. Produzir conteúdos em inglês (ou chinês, mas principalmente em inglês), por exemplo, tem mais chances de produzir resultados monetários na Internet, que mesmos conteúdos produzidos em português: pelo volume de pessoas, e de dinheiro que trafega.

É claro que não tenho o argumento de autoridade para falar sobre o tema, afinal não sou um dos milionários da Internet. Mas é uma questão de raciocínio. E talvez só falte achar a paixão e a vocação para acontecer. E, se não for comigo, que seja com um dos leitores.

Primeiro, é uma possibilidade real ficar milionário na Internet (mas também fora dela). Se você vender um produto com uma margem de lucro de R$1,00 para um milhão de pessoas. Voilá! Está feito o primeiro milhão.

Voltando a questão da demanda, não está descartado o conteúdo em português, pois aqui também temos economia e consumidores. Mas há que ser um tema que desperte a atenção de uma quantidade significativa de pessoas.

Por exemplo futebol, é um tema apropriado para discutir no Brasil. Vender camisas oficiais, e até mesmo autografadas, de jogadores e de times. Além dos produtos agregados, bolas, jogos de botão, adesivos. Ou seja, é um tema que tem demanda. É possível ficar milionário com artigos de futebol.

O mesmo para itens assemelhados, como artigos religiosos. Assemelhados em demanda, muito bem entendido. Ou seja, um site, um blog, com estes assuntos tem uma demanda que já está aí, pronta.

Outros podem pretender formar demanda. Por exemplo falar em Ufologia, poesia de cordel, e outros assuntos de menor repercussão, é trabalhar para formar demanda. Se for coisa do tipo missão de vida. Ótimo. O dia em que os ETs pousarem por aqui. E há quem diga que vai ser logo. Você torna-se uma referência no assunto, vai sair no fantástico, e pode capturar parte do valor do bolo.

O meu problema para ganhar dinheiro na web, é o mesmo da maioria das pessoas. Nós não gostamos de assuntos de massa, mas de nicho. Ou seja, temos paixões específicas, muito recortadas e delimitadas, que não são de interesse geral e irrestrito. Ao mesmo tempo, este potencial a Internet tem! Só lembrar da teoria da cauda longa. Mas para isto são os agregadores de conteúdo, os indexadores é que estão na frente da corrida pelo dinheiro na web, pois permitem achar as agulhas no palheiro.

Mesmo os blogs de sucesso, podem ser vistos como indexadores. Eles vão à maneira de "críticos literários" da web, indexando as novidades, e neste caminho angariando leitores.

De qualquer maneira, outro item da equação, que pode ser detalhado em outro momento. É discutir o modelo de sucesso. Onde é que seu negócio captura o valor. Pode ser com o fluxo de pessoas. É um modelo. Pode ser com a venda. Outro. Pode ser com indicação de produtos e serviços. É outro modelo. Pode ser com a produção de conteúdo, que vai ser reproduzido, e com o devido crédito. E também pode ser, com modelos colaborativos de crescimento, onde a própria comunidade virtual produz os serviços ou o conteúdo.

É certo que todo mercado com alto índice de crescimento. E a Internet é um mercado assim, dá margem para algumas ondas de moda. E quem surfar primeiro na crista, vai mais longe. Mas, não esqueçam a paixão.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O mercado não é a única fonte de valor

Todas as sociedades estabelecem trocas. Nelas, estão codificados papéis e normas sociais. As trocas permitem que diferentes grupos acessem diferentes bens e conhecimentos. Além disto, na troca estabelece-se o laço social do ser humano, na medida em que nenhuma pessoa se basta em si mesma, nem para a sua sobrevivência. Ela precisa do outro para suprí-lo em suas necessidades, e daí que a própria troca passa a ser uma estratégia de sobrevivência e crescimento.

Os mercados surgiram como centros, pontos de encontro em que muitas pessoas e grupos dirigiam-se para trocar produtos. Cidades comerciais, entrocamentos de estradas e portos. Pessoas de lugares diferentes, distantes, traziam seus produtos em busca também de novos produtos que pudessem ser utilizados ou revendidos.

Deste encontro de grupos, deste encontro de vontades de consumo e ofertas de produto, surge o valor dos bens. O escambo se coloca como um mecanismo de trocas. Quando é inventada a moeda, esta serve de representação do valor dos bens, e a troca dá um salto quantitativo.
Entretanto, os mercados não são a fonte de valores, ao menos não a única. Toda a sociedade define itens e bens que não são acessíveis na esfera do mercado. Por exemplo, o casamento é um dos itens que normalmente não está acessível pela moeda. Muito embora, algumas culturas ainda pratiquem o dote, e possa argumentar-se que há interesses financeiros envolvidos. Outro exemplo é que as pessoas não devem ter preço. O que foi praticado no comércio de escravos: justamente colocar uma pessoa no mercado e atribuir-lhe valor. Atualmente, é o consenso social que dita que a escravidão não é desejável e que as pessoas não podem ter valor de mercado (apenas as coisas). E também, a amizade não seria algo comprável. Ela teria mais que ver com uma troca não monetária: favores, presentes, diálogo.

O prestígio, ou respeito, é outro item que na maioria das sociedades não é possível de ser comprado. Este se originaria de uma conduta correta para com o semelhante. Comportamentos e ações corretos trariam o respeito social. Um certificado de homenagem não pode ser comprado, por exemplo.

O problema é que como a esfera de troca do mercado vem sendo predominante na nossa sociedade capitalista ocidental, valores como a amizade e o respeito estão "perdendo valor", uma vez que não têm sido suficientes para garantir o sustento pessoal de quem os pratica. É um problema sério, pois a ética de mercado não é verdade inquestionável, ao contrário, sem a cooperação e o respeito torna-se o capitalismo selvagem, onde o lucro apenas interessa.

Por isso, deveríamos tentar conceber uma sociedade em que os valores de mercado não fossem absolutos, onde o sujeito não pode conquistar tudo pelo dinheiro, tudo não pode ter um preço. Se isto acontecer fica como se fosse a ditadura do dinheiro. Se a sociedade, enquanto consenso social, permitir que determinados itens sejam exclusivamente conquistados pela cooperação familiar, amical; pelo reconhecimento da honradez, e existam prêmios sociais para isto, pronto estaremos estimulando um comportamento que contrabalança o movimento absoluto do capital.